Just Friends

[Para o Asy]

Por alguns dias e horas nós dividimos sonhos, sabonetes, sustos, ideologias como dividíamos um maço de Hollywood azul (porque aquele era mais fraco, lembra?) Será que ainda é o mesmo balconista no bar perto da prefeitura? As coisas não devem ser as mesmas, sabe por quê? Você não tá aqui, e faz tempo. Lembra daquelas raves? Quando eu ainda usava vermelho e você uma touca cinza pra não mostrar os cabelos, acho que nessa época eu ainda não amava você. A cronologia das emoções é incerta, pois não consigo saber em que momento comecei a te amar. Às vezes parece que sempre te amei, mas depois lembro que só gostava ou que só sentia atração, tudo muito confuso pra se explicar, deixa como está. Hoje, ah hoje eu te vejo sem mais sobressaltos e às vezes fico envergonhado de te ver bêbado e desnorteado – tá certo que também não sou muito equilibrado – mas hoje eu consigo rir do que antes era ruim de ver. E você? Percebeu o dia que comecei a te amar? Não, acho que não. Porque eu nunca disse, mas saiba que naquele dia da praia, quando todo mundo enlouquecia na confusão, eu te amava tanto que quis até me afogar e te levar junto feito estória de sereia. Agora, o amor parou de apetecer. Agora, somos apenas amigos (ou fingimos ser).

Hudson Pereira
Enviado por Hudson Pereira em 29/11/2008
Reeditado em 29/11/2008
Código do texto: T1310084
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