METAMORFOSE

Quando era chegada à primavera, os jardins da nossa rua ficavam todos coloridos, eram tantas cores, tantas formas, tantos cheiros...

Para a maioria das crianças passava despercebidas aquelas mudanças, mas, para aquela garotinha havia algo mágico que a fascinava. Enquanto seus amigos pulavam amarelinha, brincavam de esconde-esconde e davam boas risadas, ela observava atenta aquele mundo encantado. Cada dia uma nova descoberta.

O pé de manacá estava coberto de flores em tons roxo e branco e exalava um delicioso aroma. Ela costumava colher aquelas flores para confeccionar uma tiara e colocar nos seus cabelos, imaginava-se uma ninfa faltando-lhe apenas as asas. Num desses momentos quando colhia flores, percebeu que a planta estava cheia de lagartinhas verdes e também descobriu uma espécie de “saquinho transparente” preso a arvore. Ficou curiosa para saber o que era aquilo e foi olhando com atenção que percebeu uma lagarta começando a ser coberta por uma casca transparente. Em poucos segundos a lagarta já tinha se transformado em um “saquinho cristalizado”. Seus olhos brilharam com aquela descoberta, tocou-o delicadamente com a ponta dos seus dedos para sentir a consistência. Era maleável, porém, firme e bem protegido. Gravou bem o lugar onde o “saquinho” estava preso para poder acompanhá-lo todos os dias.

Queria saber por que aquela lagarta tinha adormecido e quanto tempo ficaria ali.

Todos os dias como um ritual ela voltava ao mesmo local para acompanhar o processo e observar o casulo.

Seus amigos a chamavam para brincar, mas ela já não se interessava pelas antigas brincadeiras, agora percebia novas descobertas. Seus interesses já não eram os mesmos.

Na observação e no “pseudo” isolamento viu outras cores, outras formas, outra vida.

A METAMORFOSE...

E como num passe de mágica o invólucro foi fragmentado, um “novo” ser surgia. Gradativamente foi desenrolando suas asas, timidamente abanou aquelas asas coloridas, sentiu-se flutuar e então alçou seu vôo.

O mundo recebia um novo ser...um ser aparentemente frágil, porém, cheio de coragem, ousadia e determinação, características próprias dos seres alados.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 07/12/2008
Código do texto: T1323427
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