Sinto cheiro de rio
Um cheiro transparente
Bordado de verde
Ouço a presença
De borbulhas que correm
Atrás de folhas
Fecho os olhos e vejo pontes
Enormes, quase sem fim
Umas pequenas, mata-burro
Que é um pisa aqui, pisa ali
E já chegou do outro lado
Gosto de rios, transparentes
Do carinho do vento que mora ali
Nos galhos cheirosos de ingá
Amo rios, pode ser eu aqui,
Você perto, logo ali
Mas há como chegar,

Ao mar... amar

do livro Na Boca da Noite

Tenho certeza de que Renato Teixeira e Almir Sater não serão contra a publicação desta linda letra aqui:

NO RASTRO DA LUA CHEIA

No quintal lá de casa
Passava um pequeno rio
Que descia lá da serra
Ligeiro escorregadio
A agua era cristalina
Que dava pra ver o chão
Ia cortando a floresta
Na direção do sertão
Lembrança ainda me resta
Guardada no coração...

E tudo era azul celeste
Brasileiro cor de anil
Nem bem começava o ano
Já era final de Abril
O vento pastoreando
Aquelas nuvens no céu...
Fazia o mundo girar
Veloz como um carrossel
E levantava a poeira
E me arrancava o chapéu

Ah o tempo faz, tempo desfaz
E vai além sempre...

A vida vem lá de longe
É como se fosse um rio
Pra rio pequeno canoa
Pros grandes rios navios
E bem lá no fim de tudo
Começo de outro lugar
Será como Deus quiser
Como o destino mandar
No rastro da lua cheia
Se chega em qualquer lugar!