EM ALGUM LUGAR DO PASSADO
 
 
Eu sei que viajar no tempo ainda é, por enquanto, uma epopéia impossível, mas mesmo impossibilitado pela existência dessa singularidade, eu usarei sem grandes esforços os meus depósitos inconscientes e, de lá da gare da minha memória, utilizarei o veículo da incontrolável imaginação.
Nesse momento e nessa viagem virtual que sempre faço usando do veiculo da minha imaginação, eu confesso que sinto uma desmesurada saudade de uma mulher que, cisma em permanecer alojada no meu inconsciente, pois ela ali está impactada de forma misteriosa como um arquétipo ou um símbolo do amor.
Quem já amou verdadeiramente sabe do que estou querendo falar, pois o objeto do nosso amor, a mulher amada, ela permanece inserida em nosso ser, ocupando o espaço do próprio Eu, confundindo-se assim com a nossa própria existencialidade.
De forma que, ela está em mim e eu por certo estou nela, assim evidentemente nós nos tornamos indivisíveis e inamovíveis, eu tenho a certeza de que a isso se poderia chamar de “imanência do amor”.
Em algum lugar do passado ela existe de uma forma tão viva, que ainda ouço a voz e os murmúrios da sua alma me chamando lá da caverna do tempo.
Seria muito bom que ela soubesse disso, mas nesse caso, a minha mulher amada resolveu se eclipsar por detrás das montanhas para, incompreensivelmente, executar uma missão considerada impossível.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 02/02/2009
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