O Poeta

Noites solitárias, sejam em tavernas ou em sua própria casa...

Onde apenas sua companhia se faz presente no tinto, papel e pena...

Em sua embriaguez, sua sina; fala sobre amores, fala sobre o Amor que nunca se fez presente, que não viveu, ou que certa vez, sentiu, e por isso tanto o amaldiçoa. Pois provou do seu gosto e agora tem como maldição...

Cheiros, músicas...

Doces e amargas lembranças.

O cheiro, que começa a impregnar todo o corpo. Adentra, intercala e paralisa cada músculo.

Fazendo que a mente retroceda sobre momentos.

O passado novamente se torna o presente, e suas esperanças vindouras se misturam com um falso futuro.

As mãos crispam, para pegar na pena e no papel.

O tinto se faz presente e a mente enevoada, apenas implora para que esta noite ele adentre teu quarto e que apazigúe suas dores, enquanto mancha teus lençóis com a voracidade de teus desejos.

Dormiste com várias mulheres, mas fazeis Amor com apenas uma.

Em cada momento vivido em sua libertinagem, procura um retalho, uma lembrança, um vislumbre do que viveu ao lado daquela que tocaste tua alma.

Não apenas com teus beijos e teu corpo, mas em comunhão com teus pensamentos.

Mais uma vez ele abre os olhos e se vê sozinho.

Há gosto de álcool em tua boca.

E o abraço caloroso e único que tanto desejou esta noite, foi provido apenas em teus sonhos.

Seus lábios se abrem e proferem palavras que ninguém nunca ouviu.

Por algum tempo tudo é silêncio. Seu olhar é exausto.

Ele se cansa de sua jornada. Ele se cansa de tanto procurar.

E por fim, suas mãos trêmulas vão de encontro à pena e papel.