Bruma silenciosa de plagas nordestinas dão frescor àquela lagoa límpida e clara desse magnífico lugar. Avistam-se barquinhos sossegados como se esperassem algum milagre vindo de Netuno. As pessoas apressam-se e chegam mais perto do cais com fisionomia curiosa à espera de algum espetáculo que não tardaria a acontecer.
  Há muitos murmúrios; alguns bares à volta não deixam de tocar forró para animar os jovens  que fazem propaganda de sua juventude através daquela música alegre,tão característica da região nordestina.
   São 17.30; repentinamente o forró começa a diluir-se. Sobre águas tranquilas um barquinho surge com alguém tocando  ao som de de um sax manhoso o bolero de Ravel. A música é suave e tranquila como tranquilo é aquele local. O barquinho vai deslizando também calmamente pela lagoa de águas  mansas, e as pessoas, curiosas silenciam para apreciar aquele momento encantador. O Sol, no horizonte, parece acompanhar o acórdão da música e realiza também o seu espetáculo com se fechasse a cortina clara e sem mácula do dia que adormecera naquele instante. Á medida que o som se propaga o Rei-Sol vai-se despedindo com esplendor, encantando a todos que têm o privilégio de vê-lo ir embora sem tristeza e sem mágoas ,consciente de que um novo dia existirá trazendo esperança, E que, ele, sem ser soberbo conduzirá a alegria para muitos.
   Flashes de de máquinas espolcam no ar para registrar aquela beleza, e o barquinho com seu saxonista já chega ao cais, cumprindo a sua missão, conforme cumpriu o Astro-Rei.
   Não há mais claridade; o Sol descansa e a noite chega de mansinho como coadjuvante de seu ator principal... Novamente ouve-se o som do sax manhoso entoando a Ave-maria de Gounot.
   É a hora sagrada. As pessoas sensibilizadas parecem agradecer a explêndida cerimônia que a Natureza lhes ofereceu
  Este é o põr do Sol em João Pessoa.
Vilma Tavares
Enviado por Vilma Tavares em 19/02/2009
Reeditado em 20/02/2009
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