Flor Cadente

Só o deslizar das águas,

Pelos olhos,

É fundamento suficiente

Que faça entender o meu alvedrio

Em contemplar você.

Ainda que não quisesse, ó talante indomável,

Olharia sem querer.

E querendo não querer, saberia lhe ver,

Porque meu olhos flamejam

De uma sede putativa,

Circunspecta e convergente,

Às cores de sua fascinação.

Ainda assim, sei que teus olhos não me enxergam –

Mesmo que não cegos –

Já que contemplas o que não é tangível a mim,

Muito menos necessário.

Se fosse um adágio, diria que, mesmo irreal

É o mais belo:

Mesmo que inanimada seja sua fonte,

E que sua jurisdição não concorra ao menor dos territórios,

Contemplo-te, flor sem vida -

E espero menos que nada em troca.

É condição áspera do meu ser, sine qua non viverias,

A manipulação unilateral da consciência.

Destarte, declaro-me porque não me entendes;

Se me entendesse, jamais declararia vontade.