REVELAÇÕES DO EGO

Se algo de mistério vês em minha face

olhar sombrio, semblante obtuso

um quê furtivo, olhar lúrido

olhar esquivo, boca silente

gestos lúdicos, lúbricos ares

lúgubre lucubração

Desçe mais fundo, no subterrâneo

um ego-masmorra irás encontrar

escuro porão, quase caverna

estalactites da minha vaidade

estalagmites do meu altruísmo

mofo dos meus desejo causarão asco

Cadáveres por todo chão:

inimigos vencidos

acorrentados pelas paredes:

amores, desafetos e alguns amigos

mutilados gemendo pelos cantos:

vítimas involuntárias

gente desconhecida que cruza meu caminho

Encontrando finas e gastas grades

não forces, não atravesses

para além dali há perigo

pode não haver teto nem piso

talvez atrocidades, restos de orgia, antropofagia

talvez só mediocridades

talvez pura maldade.