Dias secos, Dias quentes

Dias secos. Dias quentes. SInto dizer, mas hoje não haverá chuva. Poderia me refrescar na margem de algum rio, mas ele está poluído e encanado.

Sento-me no chão de asfalto da capital do país as 5h da tarde. Não vejo nenhuma flor. Talvez o ônibus a tenha atropelado, e nenhum pronto-socorro deve tê-la atendido.

O dia está seco, de poucas palavras. Mas mesmo assim algumas jovens riem e tagaleram. E eu escrevo num parque. Ele é bonito e tem flores, e alguns mendigos dormem e se cobrem do Sol com papelão.

Dias quentes e secos. Olhamos para o céu pedindo alguma nuvem. Alguma sombra. Mas estamos todos nus perante o Sol. E nenhuma nuvem para nos acalmar.

Dia seco. Folhas secas. Corra contra os carros, o vento e o tempo. O vento seco me corta, mas prossigo. O som é pesado e alto. Sento-me no meio da avenida. Tudo está cinza e seco.

Cai a primeira gota, de chuva ou de lagrima.