SOU FELIZ, SOU MULHER

SOU FELIZ, SOU MULHER

Sonia Barbosa Baptista

Linda, de vestido longo, sandália rasteirinha e cabelos delicadamente penteados.

Parada e de costas, uma aparição, uma deusa, aos olhos de quem, a estava admirando.

Sentia-se observada, sentia sim.

Porque a mulher sente quando se transforma no centro das atenções.

Então, ela vai se virando aos poucos, até encontrar os olhos das pessoas e percebe o impacto, que o seu rosto provoca nos demais, que até então, observavam-na de costas.

Ela acostumada àquela situação, já não se magoava mais.

O que a intrigava e deixava feliz ao mesmo tempo.

Era que sua aparência, no modo de se vestir, despertava admiração.

Mas quando a viam de frente, rosto enrugado pelo tempo, uns riam e ficavam olhando mas já logo iam se afastando.

Para eles uma mulher idosa.

Mas para ela é a roupa que confeccionou durante todos os anos de sua vida, e a cada dia ela alinhavava uma prega, na sua derme.

E hoje vê que as pessoas se decepcionam, ao ver tão bela imagem de mulher, mas que foi desgastada pelo tempo por obra da natureza.

Estava agradecida pelas rugas que tomaram todo seu corpo, razão e conseqüência, de cada minuto em que viveu, até chegar nessa idade.

Não se importava com a idade.

Sentia-se bem, sentia-se bela...

Sentia-se Mulher!

21/05/2009

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 21/05/2009
Reeditado em 21/05/2009
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