Sacralizando as palavras
O que torna esse mundo mais belo
é a diversidade.
A busca de suas próprias palavras
eventualmente transformadas em versos.
E todas elas vindas de um mundo
onde cada um consegue chegar sozinho,
levado por suas proprias experiências.
Uma viagem que ninguém pode fazer pelo outro.
Felizmente.
A mágica em tudo isso
é que as mesmas palavras rolam por aí
grafadas de maneira idêntica.
E, livres do contexto, a ninguém pertencem.
No entanto, ganham vida própria
quando se tornam parte do enredo de cada um.
São como as tramas de um tecido...
Artesanalmente feitas com os sentimentos
mais particulares
com todas as cores trazidas na bagagem
de suas viagens interiores.
Assim,de uma certa forma sacralizam-se,
a partir do instante em que expressam
todo um labor de fazer e refazer,
construir, demolir e reconstruir...
Onde a imagem da criança que fomos
tantas vezes aparece e desaparece...
sussurrando segredos, lembranças e sonhos.
Soprando-nos aos ouvidos sugestões
de todas as brincadeiras esquecidas.
É essa nossa criança, na realidade, a geradora
de todo contexto.
Roubar-lhe o doce das palavras, é fácil.
Mas reconstruir todos os infantis traçados
com as mesmas tintas, borrões, erros e acertos
só mesmo quem carregou-a o tempo todo no colo.
Só mesmo quem segurou em suas pequenas mãos
para ensinar-lhe as primeiras e autênticas palavras.