INVERNO CONGELANTE

INVERNO CONGELANTE

Sonia Barbosa Baptista

Como olhar para o lado e fingir não ver, se a verdade está gritante na minha frente, como se dissesse, olha eu aqui, sabe quem sou?

Sou a vítima do frio, das enchentes e que depende daquele casaco, que já não vai mais para o cabide, mas está lá, no seu guardarroupa...

E aquele par de tênis em bom estado, guardado na caixa, sem nenhuma perspecção de uso...

Ah! E aquela calça de moleton, blusas e outras, fora de uso, embaladas num saco de TNT.

Eu preciso ardentemente, das peças que estão esquecidas no seu guardarroupa e sem uso.

Pelo amor de Deus me dá um pouco de calor, me salve.

Ele chegou hoje e pelo jeito, veio cheio de malícia e nevoeiro.

E não vai ter piedade de gente, nem de animais.

Um cobertor... Por caridade, me agasalhe, sou filho como você, do mesmo Pai que está no céu.

Já anoiteceu e o papelão está muito frio, minhas lágrimas...

Onde estão as minhas lágrimas?

21/06/2009

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 22/06/2009
Reeditado em 22/06/2009
Código do texto: T1660799
Classificação de conteúdo: seguro