À uma pequena flor

De repente o jardim ficou quieto e silencioso. Só o vento ousava quebrar o pacto de tristeza, com seu sibilo frio, implacável, inexorável, como a morte.

De repente a alegria tornou-se descabida, inútil, sem razão. Inúteis também as pipas tremulando no céu nos dias de vento. A “pequena flor” não as aponta mais com os dedinhos, e não fita mais o céu com seus olhos de jabuticaba.

Imperou apenas o frio mortal de quando lhe arrancam da alma, todo o sol. E o jardim ficou quieto e congelado. Silencioso em sua dor, descrente da primavera, inútil, sem a flor.

E passaram-se todas as estações. E todas as luas que a flor não apontou. E parabéns que não foram cantados, presentes de natal que não foram dados, o coelhinho da páscoa não chegou, e no São João também não dançou. Ou dançou, nos jardins do infinito, longe do coração aflito, do jardim solitário que ficou?

À uma pequena flor... há um ano, nos jardins do infinito.

Luciana Rodrigues

Cuiabá-MT

14/07/2009