A CRIANÇA EM TODOS NÓS

Um poeta vive de nostalgia, vive daquilo que ele deixou preso no passado, vive das lembranças e dos sonhos que tecia na infância, vive daquilo que ele não tem no presente e assim como poetisa que sou, vivo de nostalgia, queria ser novamente aquela criança das minhas lembranças, aquela criança inocente, um verdadeiro anjo sem asas.

Por vezes olho o espelho e contemplo um reflexo que não é o meu de agora, um reflexo conhecido, um rosto alegre, que abre um sorriso ao ganhar uma simples boneca, um rosto que não tem vergonha de dizer “Eu te Amo”, de gritar de alegria ao simples som da voz da sua mãe chegando do trabalho, um rosto infantil que me olha e diz: “não me deixe morrer”, “não deixe que o tempo me destrua”, “não deixe as desilusões de agora, as lágrimas que derramas destruírem a criança que você foi, a qual você vê refletida no espelho, ela está aí bem juntinho de você” e quando me dou conta e retorno ao tempo presente, vejo que aquela criança não morreu, ela está dentro de mim, ela sonha com um mundo diferente, ela sonha com um mundo em que as crianças não perdem a inocência, com um mundo em que os adultos enxergarão cada um, o reflexo da criança que um dia eles foram, um mundo sem crianças morrendo de fome, um mundo em que a criança é respeitada e vista como um reflexo do amor de Deus, como o futuro da humanidade.

Quando vejo que o ser adulto está tomando conta do meu ser, olho novamente o meu reflexo no espelho e lá encontro a minha criança interior sorrindo para mim e me dizendo para levá-la sempre comigo, aonde eu for e declamar para o mundo, para as pessoas que em cada um de nós existe uma criança, a criança de outrora, ela pode está adormecida, mas está lá, em algum lugar bem dentro de nós, quem sabe no nosso coração!