DO CIÚME

Que amarga a boca e o peito

angustia o coração e escurece a razão

Serpente enrolada em cochichos nos ouvidos

enxerga gestos distraídos delatores das mãos

Salgando o prato do dia,

destemperando a calmaria

violando a mansidão.

Mais que coroa de espinhos

é esse consumo sem sentido

outro sono mal dormido,

o amor em contradição.

Seria medo de perder

o que não se possui

e nem se pode deter?

O acontecer de um individuo

é liberto da nossa direção

Conjugação, respeito e fidelidade

Fiel ao sabor da claridade

propriedade do saber do EU

Respeito ao conviver e `a confiança,

ao carinho e `a aliança que envolve dois em um,

compreendendo que todo ser é dual e tem asas

E se um parte e nao volta pra casa...

O outro só, precisa ver-se UM

precisa ver-se SER

descobrir-se e entender que sempre foi

desde o nascer;

e, que dá, sim, para bem viver.

Não deixar que o dissabor amargo de um veneno

transforme em algo tão pequeno

a grande beleza de poder

se dar sem cobrar,

abraçar sem sufocar

se abrir em céu pra receber.

D.V.

15/10/03

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