Palavras Torturadas
Ainda que nobre nas linhas de tal Mein Kampf
Elas saltaram das folhas e levantaram legiões.
Em nação nobre na leitura, segada na visão
A palavra por tortura fez vazão a amargura
Em guetos, em campos e corações.
Ainda que teológica, em crenças e religiões
Elas hipnotizam seguidores, consertam infratores,
Transcendem idéias, transcorrem conclusões.
E do divino, sagrado, faz um mercado honrado e
Põem-se um pastor de pé; Que com um livro sagrado
Embora deturpado, tem caracteres dourados
Em nome da fé.
Ainda que politicamente corretas
Em discursos calorosos, palanques e tribunas
Elas se fazem dunas, grandes, flexíveis e imponentes.
Grãos de promessa, promessas de fidelização.
Dunas imponentes que com ventos formam, e com brisas se vão.
Flageladas da fidelidade, politicamente prostituidas pela ambição.
Ainda que na modernidade dos tempos,
Nada contra a cultura e o direito de expressão.
Elas nascem em morrem como moscas,
Vida curta, mas intermitente; seja na internet ou televisão.
Moscas de monitores pousam em noticiários e novelas.
Entretém, Constroem e destroem com precisão.
Ainda que melódica nas linhas da razão.
Nada contra a cultura e o direito de expressão.
Se encontra no funk, tablatura delirante sem exatidão.
Fuga de cultura, arremedos de palavra, palavrão.
Num frenesi Alucinógeno, explícito e sem nexo
Que em nome do sexo o chamam canção.
Palavras não sofrem com a dor
Nem se intimidam psicologicamente
Palavras não punem
Não sentem prazer em torturar.
Mas torturadas:
Torturam, escravizam, enganam, iludem e fazem dançar.