Fragmento

Amava-te por detrás do postigo do meu sonho. Já no mundo real, nem mesmo escondido por trás de uma porta eu podia ousar expor-me à minguada possibilidade de que tu casualmente vislumbrasses meus olhos depostos no postigo estreito. E como podia eu pensar em fazer qualquer encenação com fim de me figurar, corpo falante antes de alma, ao teu conhecimento? Pois então cada trejeito meu haveria de revelar o meu amor ao sonho que faço de ti, e tu, assustada, haveria de rir forçadamente e logo sentir invadida a privacidade da tua imagem deflorada nos sonhos virgens de alguém... alguém que é como qualquer um que ande pelas ruas e tenha suas paixõezinhas humanas.

wsdafae
Enviado por wsdafae em 13/08/2009
Reeditado em 17/08/2009
Código do texto: T1752690