Inesperado Veraneio.
Era primavera, quase não vira as flores que elegantemente
Desfilavam ao vento como divas,
Errantes de seu próprio destino, paisagens sinceras.
Elas falavam: - Vá em frente.
Pois tudo é passagem, mais uma estação da vida.
E eu não ouvia, ainda que suas vozes perscrutassem.
Meu ávido ser.
Logo, suas pétalas desvaneciam entre os ares, e apenas
O seu perfume era prova de que existiram.
Mas não importava, eu sabia. Eu as vi, as senti.
E quem passasse, mesmo não as tendo consigo,
Desenhavam sua beleza em rascunhos,
A mente distante, e recriavam seu vigor.
Eu estava lá e era como se tudo fizesse algum sentido.
Não podia partir, era primavera.
E o que me aguardaria? Não estava pronta.
Caíra lentamente e aos poucos meus anseios insanos
Despertaram-se em ríspido contraste,
Havia luz, pássaros e melodia.
As ruas tinham vida e o mar era apenas horizonte.
Respirava feliz, algo ficara diferente.
Olhei para trás, e já não senti o aroma das flores.
Apenas tinha lembrança de uma queda memorável.
Era fase, só podia ser.
Fechei meus olhos e esperei que fosse ainda primavera,
Um raio transpassava meu rosto suavemente,
Quase como em consolo.
As nuvens sorriram para mim, era um convite.
Mude, elas diziam: - Mude!
Como poderia negar tão delicado pedido?
Parti, levei comigo algumas memórias, mudei.
E nem percebi, que chegara o verão.