Inesperado Veraneio.

Era primavera, quase não vira as flores que elegantemente

Desfilavam ao vento como divas,

Errantes de seu próprio destino, paisagens sinceras.

Elas falavam: - Vá em frente.

Pois tudo é passagem, mais uma estação da vida.

E eu não ouvia, ainda que suas vozes perscrutassem.

Meu ávido ser.

Logo, suas pétalas desvaneciam entre os ares, e apenas

O seu perfume era prova de que existiram.

Mas não importava, eu sabia. Eu as vi, as senti.

E quem passasse, mesmo não as tendo consigo,

Desenhavam sua beleza em rascunhos,

A mente distante, e recriavam seu vigor.

Eu estava lá e era como se tudo fizesse algum sentido.

Não podia partir, era primavera.

E o que me aguardaria? Não estava pronta.

Caíra lentamente e aos poucos meus anseios insanos

Despertaram-se em ríspido contraste,

Havia luz, pássaros e melodia.

As ruas tinham vida e o mar era apenas horizonte.

Respirava feliz, algo ficara diferente.

Olhei para trás, e já não senti o aroma das flores.

Apenas tinha lembrança de uma queda memorável.

Era fase, só podia ser.

Fechei meus olhos e esperei que fosse ainda primavera,

Um raio transpassava meu rosto suavemente,

Quase como em consolo.

As nuvens sorriram para mim, era um convite.

Mude, elas diziam: - Mude!

Como poderia negar tão delicado pedido?

Parti, levei comigo algumas memórias, mudei.

E nem percebi, que chegara o verão.

Noemi Prates
Enviado por Noemi Prates em 04/09/2009
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