O amanhã do hoje

Abro os braços para o nada, me abraça o infinito silencioso onde guardo fragmentos soltos

de sonhos e ilusões descoradas.

Quero a sorte de ter nos ressequidos segmentos do meu corpo algumas lembranças verdes do hoje, imagens fotográficas de instantes, prontas para dispararem na tela do amanhã.

Abro os olhos para o espelho de mim; me revelo sem máscaras e sem surpresas, sou o que espero ser. Me procuro mais além e só ansiedade gira na órbita dos meus olhares, muito aquém do alcance da minha visão dilatada de esperanças e miopemente enfraquecida pela fragilidade do tempo voraz.

Além do empate antipático das certezas e incertezas estão as juras amareladas; algumas cumpridas regiamente outras colocadas em patamares nunca alcançáveis..

Percebo que colecionei diálogos bobos, trocas mudas de olhares e silêncios tão povoados que encheriam estádios.

De que me valem as esperas, os pedidos de tempo, os atrasos propositais , as corridas atrás das horas...ah de que me valem as noites de insônia, os dias e noites cronometrados e as horas soltas dispersas?

Só sobram-me horas quebradas, aparadores vazios e um incontável desfile de emoções desarrumadas. Salta-me da boca mumúrios abafados, rolam pela face lágrimas endurecidas pelas frias palavras.

Hei de sentar-me ao relento bebendo brisas quando não mais o sopro da esperança lamber a minha pele amarrotada....sobrarão asas leves ou de plumagens encharcadas de versos.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/06/2006
Código do texto: T184819
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.