A odisséia
A ansiedade é grande,
As mãos suam, tremem,
O coração, disparado,
Quase salta pela boca.
A espera é angustiante.
Ônibus após ônibus,
Adentram o terminal.
Em cada um busco teu rosto
E em nenhum te vejo.
Estás ainda a caminho.
Rezo para que teu ônibus
Se tenha adiantado.
E, cada um que aponta
No fim da longa fila
Espero que seja o teu.
Mais um minuto se passara.
Mais perto estás de chegar...
Mais perto de mim estás.
A cada minuto, mais tremo.
Mais um ônibus entrou.
Corro à sua plataforma,
Tropeço, caio, derrubo alguém...
“Por favor, senhor, perdoe-me.
Estou deveras ansioso e não o vi.”
“Não, não me machuquei, senhor.
Com licença, tenho que correr”.
Esbaforido, chego à plataforma.
Não estás neste, também...
Frustro-me com o desnecessário tombo.
Sinto-te mais perto.
Sim, posso sentir-te.
Dirijo-me à entrada do terminal.
Lá está: São Paulo/BH
Vinte e duas e quarenta horas.
O coração pára. Vejo-te lá dentro.
Corro ao desembarcadouro.
Adeus ansiedade, bye bye, tensão!
Bate de novo o coração.
Terminou a odisséia.
Chegaste. Estás em meu abraço.
Aconchego-te ao peito.
Dou graças aos céus.
Pois vieste. Vieste para mim.