A odisséia

A ansiedade é grande,

As mãos suam, tremem,

O coração, disparado,

Quase salta pela boca.

A espera é angustiante.

Ônibus após ônibus,

Adentram o terminal.

Em cada um busco teu rosto

E em nenhum te vejo.

Estás ainda a caminho.

Rezo para que teu ônibus

Se tenha adiantado.

E, cada um que aponta

No fim da longa fila

Espero que seja o teu.

Mais um minuto se passara.

Mais perto estás de chegar...

Mais perto de mim estás.

A cada minuto, mais tremo.

Mais um ônibus entrou.

Corro à sua plataforma,

Tropeço, caio, derrubo alguém...

“Por favor, senhor, perdoe-me.

Estou deveras ansioso e não o vi.”

“Não, não me machuquei, senhor.

Com licença, tenho que correr”.

Esbaforido, chego à plataforma.

Não estás neste, também...

Frustro-me com o desnecessário tombo.

Sinto-te mais perto.

Sim, posso sentir-te.

Dirijo-me à entrada do terminal.

Lá está: São Paulo/BH

Vinte e duas e quarenta horas.

O coração pára. Vejo-te lá dentro.

Corro ao desembarcadouro.

Adeus ansiedade, bye bye, tensão!

Bate de novo o coração.

Terminou a odisséia.

Chegaste. Estás em meu abraço.

Aconchego-te ao peito.

Dou graças aos céus.

Pois vieste. Vieste para mim.

Júlio Marques
Enviado por Júlio Marques em 19/10/2009
Reeditado em 13/11/2012
Código do texto: T1875327
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