Memorial

Gosto de viver no limite da comparação entre a segurança e o improviso. As máscaras das situações já não me comovem, prefiro construir minha liberdade escolhendo uma ousada e cruel realidade. Invento paixões que me fazem sofrer por mais um dia, não quero mais equilíbrio e sutileza, quero verdades ditas na cara, construção e desmoronamento, quero o delírio.

Quero escrever meu destino com cada erro e acerto, reinventar cada momento e acreditar que foi único. Afinal meu destino e eu, nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério.

Não tenho mais o vigor adolescente da conquista, apesar da pouca idade, o passar dos anos me tirou os olhos de menina, mas no lugar me deu um par de asas tortas para fugir do tédio da comparação.

O que fiz da minha vida? O mecanismo da amizade, a matemática dos amantes, tanto faz, agora é só artesanato, e o resto são escombros.

Fechei o caderno após escrever tudo isso e me lembrei que algo escondido em sua presença me leva a um ultimo pensamento seu derradeiro olhar me aproxima da transformação, depois me esquivo, para não acreditar, que quase escolhi tentar te conquistar.

Por fim, acho que decido viver sobre a linha tênue que paira entre a memória e o sonho.

Mariélle Freitas
Enviado por Mariélle Freitas em 26/10/2009
Reeditado em 03/09/2010
Código do texto: T1887183
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