CORPO DE LUA
 
 
 
De tantas luas foram para mim a tua boca, cúmplice e enlouquecida pelos queridos e insistentes beijos.
O teu corpo se fez radiante como um sol, um verdadeiro abismo luminoso e quente que invadiu e abrasou o meu.
Bendita sempre a inconseqüência de nossos corpos, pois santo e relaxante era sempre o prazer que nos envolvia em calores orgásticos.
Nada ficou esquecido para sempre, pois a lembrança lânguida do teu corpo, ainda me persegue como uma mariposa estonteada pela luz do dia em loucas recordações.
Os teus cabelos de furioso ouro, ainda sobrevoam e cavalgam os meus sonhos. Ensimesmado fico perdido imaginando e lembrando que os teus olhos de verde esmeralda, um dia, já foram inteiramente meus.
Possuir a tua alma e me embeber na luxuria provocada pelo teu corpo santo, foram momentos indizíveis de puro êxtase.
Os teus seios inconhos e robustos como a lua, estão sempre presentes nas minhas ternas lembranças.
Ainda me persegue o raio queimado da tua beleza, agora ecoa dentro de mim a tua voz sufocada pela distância.
Em cada curva dos caminhos do Bonja, somente eu vejo os vestígios deixados naquelas noites de furioso amor. A inesquecível árvore do amor e o ronco primitivo da cachoeira que se escorrega entre liquens e musgos, escondem sigilosamente a presença do teu querido e transparente fantasma.
Nada se perdeu, aliás, na natureza nada se perde, pois tudo se transforma e volta. Um tanto cético, mas ainda acredito nessa reciclagem, pois o tempo é o senhor de todos os retornos e de todos os fenômenos.
 
 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 27/01/2010
Reeditado em 28/01/2010
Código do texto: T2054800