DESILUSÕES DA ROÇA
No terraço da palhoça olho a vida,
vejo a roça e lamento o meu penar.
É de dar dor, agonia , tudo parece
nostalgia e poucos vêm ajudar.
No alvorecer do dia, rezo uma prece,
Ave Maria! E na lida vou me lançar.
Meu valor é quase nada quando
olho a vida, da calçada e me ponho
a lamentar.
A aflita vida na roça mais parece
triste sina onde vivemos desprezados,
acabrunhados, quebrantados e outros
vivendo 'por cima' do nosso infeliz
padecer.
E ao final da dura luta, ao fim do dia,
depois de toda labuta só resta
descansar. Ouvindo o canto dos
pássaros, na varanda, no terraço,
para me reanimar.
E chegado novo dia depois de
longa e indormida madrugada fria
volto a trabalhar. Já cansado,
alquebrado, e sem forças para continuar.
Meus direitos, meu senhor, não são
tão assegurados. Padeço de coisas
ruins, em cima, em baixo, para tudo
quanto é lado, o que tenho lamentado.
Depois de tanta labuta o que resta desta
luta? Meu sofrer, meu padecer,
um triste e penoso caminhar...
Sei que em meio à intempéries,
sofrimentos e desalentos, não posso
desanimar. Continuar lutando, pelejando,
buscando e mesmo na velha vida, vida
nova a conquistar.
Ah! Eu sei, que um novo dia sempre a de
irradiar!? Então renovarei minhas forças,
e arrumarei minhas trouxas e, nada tendo
por aqui, um outro caminho vou pisar.