A FLOR DA ESPERANÇA
 
 
Muitas delas eu já encontrei pelos caminhos do Bonja, algumas somente os meus olhos apreciaram, as demais, simplesmente entorpecido pela tua lembrança e pelo amor que te dedicava, eu as colhia para ti.
Esse gesto era para mim, o mesmo que querer te oferecer o mundo, só para ver e sentir aquele teu sorriso brejeiro e lindo. Tudo era muito gostoso, vivíamos um paraíso em nossos corações, e tu me ofertavas os lábios para o lacre silencioso do beijo demorado e cheio de sedução.
Eu sei que ainda permanece no teu quarto e, em completo silêncio, uma dessas flores. Confesso que foi uma forma que encontrei de ser lembrado, quando para elas tu lançares os teus verdes olhares. Eu entendo o teu silêncio obstinado, mas sinto que as nossas almas gritam pelo amor que foi sufocado. Nada substitui o sentimento do amor, ele sobrevive saudoso no mais íntimo do nosso ser, no fórum calado da nossa consciência. O amor se comporta assim mesmo, pois ele vive de lembranças, de saudades, mas também de sombras.
Vivo exilado em minhas lembranças, vivendo os teus olhos de menina arteira e dos momentos mais lúdicos que algemaram as nossas almas. Confesso ainda muito envaidecido que deixaste vestígios inapagáveis em mim, e assim, tu levas um pouco de mim e eu levo com muitas saudades um bastante de ti. Lembras que para mim, tu já foste deusa, Luzbel, Aldebarã, orquídea silvestre e, acima de tudo, Senhora Minha Muito Amada.
Aprendi que saber “ganhar a vida”, às vezes, não é a mesma coisa de “saber viver”.
 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 16/03/2010
Reeditado em 16/03/2010
Código do texto: T2141084