Marca intangível
Eterna
Num  simples toque da rima
Desenha-se
Em leves e breves giros
No jeito sutil do roçar das borboletas
Sinais de que me fazem aflorar a pele
A transbordar-se em suor doce
Surge do sorriso 
vivo
Mesmo dum silêncio contido 
giro e giro
e o grito articula-se
em versos desinibidos
o dia-a-dia resolve-se em poesia
a solidão estabelecida
parte desatando nós
da mágica vida.
Encanta-me ludibriar clichês
sentar em frente à lua
e apalpar rimas
numa voz que clama
viajar pela noite ou
 até na minha cama.
Lá no fundo, abre-se
um gargalo enorme
sedento que me faz chorar
é o medo que impede a sede de amar 
As estrelas bordam  o manto sagrado
o breu da noite cobre-me
aproveito e fico nua
Ninguém haverá de ver-me
pelas janelas entreabertas
assim  posso jogar meus versos ao léu
que nada me acua
Devoro o amante,
Observo e nauseia-me o pedante,
sei que sou poeta
envolvo-me em véus
Rolo perdida e circunspecta
Das entranhas minhas sinas
As linda rimas
surgem do tempo
da quase dor
viram uma bela cantoria
será que sou bruxa, cigana,  
Mãe, irmã ou uma vadia?
Virou canção.
Vejo muitos rostos nos espelhos
a rodopiar felizes
as tantas mulheres
fazem uma zona
E elas todas estão em mim
revelam-se por fim lindas madonas
vestidas de vermelho.
refinada nas palavras 
distraída e de joelhos 
com o poema na boca e no coração.

 
Soninha Porto Flor
Enviado por Soninha Porto Flor em 17/03/2010
Reeditado em 10/05/2020
Código do texto: T2144123
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