Visceral

Às vezes sinto você ao meu lado
verdadeiramente
o seu olhar invade o meu
tirando o sossego
recém-nascido
ah, e me delicio
felinamente
me entrego
ao calor do seu corpo
aos apelos de sua volúpia
ou imensamente nossa
pra ser mais precisa
mas
quando me avisa
de suas impossibilidades
se me comunica
a sua ausência
já pressentida
me vem um travo
na boca
e o meu olhar se turva
não mais se estende
além do horizonte
em busca do pote de ouro
Fico assim
meio perdida
com a alma um tanto sofrida
inquieta
aturdida

Por que tem de ser assim?
O amor chega mansamente
se instala
e vira a vida da gente
ao avesso
vai tomando conta
e repentinamente
apronta
vai-se embora
antes da hora
se esquecendo de pedir permissão
E depois vem ela
é
ela mesma
a tão conhecida solidão

É possível amar sem ser dono?
Aceitar que o outro se vá,pode?
Até parece coisa de doido
conversa de adolescente
papo de pessoa carente
e imatura
insegura
ou ...
sei lá

O amor quando chega
deixa o campo minado
mas não de explosivos letais
nada disso
são os medos aflorados
as vivências do passado
que a cada passo
mesmo que sutil
derruba uma lembrança aqui
outra mágoa ali
uma tristeza acolá...

Então o brilho dos olhos
dá lugar ao opaco
do medo de amar
E isso tudo quando imagino
que você não vem....

Ah, mas você chega
com a mesma cupidez
estonteante
que me faz inteiramente
sua amante
pelo menos no instante
em que estamos juntos

amarilia
Enviado por amarilia em 28/03/2010
Reeditado em 29/04/2013
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