UM DIA HEI DE CANTAR A DOR
Um dia cantarei a dor, com a voz trémula e angustiada!...
Para onde quer que me vire, vejo e sinto prantos que brotam em cascatas desesperadas.
- Tanto sal a brilhar na face daqueles que não abafam a dor, pois no seu peito não cabe mais sofrimento retraído.
- Nascentes do meu mundo, correndo a céu aberto por leitos de ribeiros que hão-de ir alimentar o oceano dos desencantos.
E que dizer dos rios que permanecem incógnitos debaixo da superfície, a corroer o corpo e a alma de inúmeros seres humanos?!...
- Lençóis de águas represadas, aquíferos de amargura que nunca chegam a ser luz aos olhos do mundo.
Como não cantar a dor, se ela habita o peito de cada um de nós e faz-nos a todos escravos sob o peso de sentimentos continuamente ultrajados?!...
Sim!... Um dia hei-de cantar a dor.
E com o meu cântico, farei um mundo melhor!
21.07.2009, Henricabilio