Cá pra nós

Pintamos o sete, falamos bobagens

e escrevemos besteiras, às vezes

sem nem saber o que dissemos.

Nos vemos em olhares alheios,

nos intrometemos à torto e direito;

somos na verdade, uns pentelhos

Rasgamos os dos outros,

guardamos os nossos

e aguardamos respostas;

a escrita da vida inventada,

tendo como pano de fundo

os rascunhos amassados e

a tampinha da caneta rasurada.

E quando alguém um dia,

acha um saco nos ler,

com mastigadas palavras,

o mandamos se foder.

Mas, o poeta que se preza,

encontra sempre um que gosta,

dez que puxam o saco e

uma centena que o despreza.