Princípio da minha história de vida
Decorria o ano de 1943...
Estávamos no auge da guerra...
Nascia numa garagem de automóveis, nas águas furtadas do prédio, uma criança, que triste e sem choro na solidão daquele quarto, já despontava para a triste sorte e aventura, que a vida lhe iria reservar... Cheia de sofrimento, guerra, aventura, maus tratos. Porque o início da vida deste ser vivente, adivinhava-se com triste sorte, maldição e a aventura pelo mundo fora...
Nove anos passados...
Meu pai com profissão de serralheiro, minha mãe empregada de alfaiate e doméstica. Tinham uma vida miserável, deambulando por monyaes e vales, de carroça, a pé, pedindo a unas e a outros:
Emprego, comer e guarida, visto que existiam mais dois irmãos e outros tantos já tinham morrido falecido.
Minha mãe estava de novo para dar à luz!
A guerra tinha dexado as suas marcas, principalmente na Europa...
Havia fome, desemprego, sofrimento, doênça e medo do mundo em transformação.
Enfim!...
Vivia-se ainda os traumas da guerra.
A guerra que foi um flagelo: - A Morte de milhões de seres humanos, a destruíção do Património Mundial e destruíção de milhares de famílias.
Todo este amontoar de acontecimentos contribuiu muito para este flagelo.
As ditaduras de alguns países, cujos chefes de Estado, não abdicavam do seu mandato. Aranjavam mesmo querelas com outros ditadores de outros países.
O chefe de Estado, Doutor Oliveira Salazar, Mantinha-se firme: - Dizendo muitas vezes...
Vou livrar o país da guerra, mas não vos livro da fome, da miséria e do desemprego. Trazendo daí o quanto era mau para o povo: - Pacato e pacífico, que lutava arduamente noite e dia pela sobrevivência, tentando fugir à malvadez de uns tantos, que o país inteiro sabia que colaboravam com muitos ditadores e países que subjugavam o povo à loucura e à extrema ignorânciados factos.
A realidade da guerra e seus acontecimentos jamais perdoa aos incautos e ladrões, o que ficou e vai ficando na memória dos homens!
Só a morte pode apagar da mente das pessoas...
A realidade não era vivida, mas sim... Desprezada!
Esta minha escrita: - Simples como a minha história de vida, de uma infância de dôr e sofrimento, relata os acontecimentos subtis e dolorosos da experiência vivida ainda criança, no após guerra.
Neste Universo de inquietude e sofrimento dos meus nove, observo o desenrolar da vida:
Os miúdos como eu!... Tristes, desamparados, muitas vezes famintos!...
famílias pobres, doentes, colegas de Escola Primária, o lento passar dos dias, semanas e meses e todo o contornar das estações...
Tudo é acalmia, tudo parece acolher o sofrimento da dolorosa dôr dos que sofrem, têm fome e olham o além sem Universo, sem Esperança. Estranhamente, todo este Universo que nos rodeia, se parece com o recheio da escola onde brinquei tantas vezes.
Olhando o céu, olhando em meu redor, compreendo, que lá longe, o conteúdo enigmático da minha emoção se fixa na atenção de todos aqueles, cujo rosto de sofrimento e dôr, é compreensível aos rumores que se concentram em mim!
A magia enigmática do viver sem razão de culpa, são a monotonia triste, que caminha fluíndo ao sabor dos ventos, duma escrita muito simples, com um ritmo de narração que pode surpreender um tanto a sensibilidade de alguns!
Todo este relato se torna doloroso... Uma memória cheia de acontecimentos, tristezas, narrações, sofrimento e dôr.
Naquela manhã soprava uma brisa que gelava a natureza e até os mais débeis corações, que cheios de sofrimento não tinham o calor do tempo, nem o carinho da natureza, gélida e incerta. O sol rompia tímido não sendo suficiente para aquecer tanto sofrimento e alertar o dia-a-dia que passa.
Em minha casa a solidão era contínua: - Muito cedo a agitação traduzia-se em nossos corações, que de quando em quando através da vidraça, olhávamos a planície, onde aquelas florzinhas que aos poucos desabrochavam e se erguiam à medida que o sol as aquecia.
O vento gélido abanava-as!
Sentidamente, embora com ingenuidade; - tanto eu, como meus irmãos viviamos naquele ambiente pobre e nefasto. Minha mãe! Coitada! Sentia o corpo debilitado de tanto pensar e sofrer, sem saber como conseguir o suficiente para nos alimentar e vestir.
Tempos dificeis...
Dias angustiosos e de luta contra o tempo, como que remando em mar
alto nas vagas temerosas e medonhas que engolem o homem, por muito forte que seja e lute bastante.
Neste mar de trevas, nesta luta pela sobrevivência, tudo se confunde e se torna cada vez mais escuro à medida que os dias vão passando sem que se vislumbre um raio de luz para salvar do impasse a situação da nossa casa. No interior desta... Os seus sobreviventes viviam miseravelmente à mercê do tempo.
Minha mãe com a alma empobrecida, o coração cheio de aperto, certamente que sofria sózinha naquele desespero angustiante, comovida pela tristeza!
E, as façanhas de meu pai?
Essas sucediam-se!...
Será que o caminho do bem não aparece?
A vida era difícil!...
15/05/2010
José Duarte André