Tarde Outonal

Eu que sempre amei outono, naquele um em especial, comecei a amar. Minhas leituras costumeiras e que eu tanto fazia, foram ficando de lado, não por desamor aos livros, mas por não poder mais me entregar ao que lia.

Quase que jogada no banco do parque, eu me sentia derreter por dentro; meu coração congelava e ardia em brasa, o livro aberto na página amarelada de número dezessete jazia no chão forrado de folhas secas crepitantes.

Meus olhos estavam, ali, cobertos por minhas pálpebras fechadas, e a luz do sol tímido, ainda sim, penetrava em minhas órbitas. Pela minha mente vagava o nome daquele que me havia tirado o pouco de paz que eu ainda acreditava ter, me sentia mais viva e ao mesmo tempo à beira da morte, a cada segundo que me esfriava o estômago ao pensar no meu amor.

Os estalidos das folhas começaram então a penetrar em meus ouvidos, e se aproximava cada vez mais, uma energia; alguém vinha em minha direção, aquele momento pareceu durar bem mais que os outros duraram.

_Não seria prudente te pegarem vulnerável assim. - uma voz na textura do veludo me invadiu

Quando abri os olhos, não acreditei no que vi, na tarde outonal que eu tanto amava, parado diante de mim naquele cenário quase que de delírio, estava aquele a quem eu cedia meu tempo para sonhar.

Tirando forças de onde não tinha, proferi em voz rouca:

_Quem cometeria essa imprudência? E qual seria ela?

Depois do que segue dito, mais nada vi, só senti-me ser carregada nos braços dele, para bem longe sem sequer sair do lugar:

_Permita-me mostrar.

Maila Dias
Enviado por Maila Dias em 15/05/2010
Código do texto: T2259022
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