Na Palestina todos vamos parar

Sob a sombra do belicismo daqueles a quem a paz não interessa, é noite por onde passaram os filisteus. E a manhã não começa. Desde o início, optaram por escurecer o sol, não ouvir Deus, aprisionando sua voz em um muro.

Com uma cobertura rala, a imprensa brinca com os fatos a seu bel prazer e um mundo de sofás atentos acomoda-se em assistir ao sangue derramado pelo vil metal.

Negócios negócios, paz à parte. Mas em que parte? Pra que olhos? Não é um filme? Não, não é. Hollywood experimenta a omissão dos cúmplices. E, enquanto os olhos das mães de Gaza choram, lágrimas lágrimas, ficção à parte.

Numa ONU impotente, reticente, e tantas vezes conivente, o que se vê é uma diplomacia de fachada que discursa para o nada. Enquanto isso, os donos da velha ordem mundial jogam promessas ao vento à espera que o vento esteja sempre a favor.

E a paz?

“Sei lá. O melhor é não procurar muito. Tragam pacotinhos vazios. A paz deve estar lá dentro.” Carlos Drummond de Andrade talvez respondesse isso. Talvez para nos lembrar que as mudanças da vida sempre seguem seu rumo e, às vezes, a paz é algo que chega quando a gente menos espera.

Mas, para que ela chegue, é preciso que seja plantada. Só plantando paz é possível colhê-la. É humanizar e ser livre, ou autodestruir-se.

Com o sorriso de seus generais, que, se achando os escolhidos, não se cansam de lançar à humanidade, um punhado de cogumelos nocivos, Israel se autodestrói a cada dia. Cravando de mortes a terra onde Cristo escolheu viver, impedindo o broto de chegar à mocidade, fazendo vidas valerem menos que poder e calando o diálogo com balas de canhão.

Contam com a inércia de um mundo doente. Diz-se por aí: “Não sou judeu nem mulçumano. Pra que me preocupar?” São mentes senis que só com a morte frente à frente verão que na Palestina todos vamos parar.