O Poeta e o Menino

De longe avistei o menino

Ele me olhava fascinado

Eu um pobre poeta na rua sentado

Escrevendo de amor para burgueses chateados

Ele me olhava e eu comecei a observá-lo

Tinha olhos martirizados, vermelhos

De dor ou de fome não tenho certeza

Trazia nas mãos uma sacola

Estava sentado na calcada

A boca rachada

E eu com casacos pois o frio me cortava

Ele apenas com uma camiseta e um calção rasgados

Os pés nus o cabelo bagunçado

Mãos sujas, e ele continuava a me observar, calado

Seus olhos fundos pareciam não ter mais lagrimas

Seu corpo miúdo magro

Quase esquelético de fato

E ele continuava me observando, calado

As pessoas passavam por ele

Nem olhavam

Nem ele, as olhava

Pois seus pequenos olhos estavam na minha direção

E ele não tirava a atenção, voltada para mim naquele momento

Eu me levantei, não poderia me manter ali parado, sentado

Me aproximei, seus olhos me seguiram

Ele não tiropu a atenção de mim nenhum momento

Quando estava próximo o suficiente, pergunte:

- Sabes ler?

Ele me respondeu com um aceno, positivo.

- Sabes escrever?

Outro aceno positivo.

- Escrevas. Disse lhe passando o papel que estava na mão.

E ele escreveu, o que me perguntas, lhe repondo:

“Poetas são engraçados.”

Amanda França
Enviado por Amanda França em 07/06/2010
Código do texto: T2305838
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