O Silêncio
Quem melhor conceituaria tal coisa quando esta não lhe pareceria sempre a mesma coisa ou coisa alguma, senão a fusão de muitas coisas?
O silêncio, em sua brandura, é o desabrochar da flor, erguendo-se ao passo do tempo para inebriar a alma na efervescência do seu leito.
O silêncio faz-se ponte para o cantar da cachoeira que, sem precipitação, derrama a sua dor entre as pedras para, assim, eximir a natureza próxima de tão íngreme percurso.
E, quando movido pela obscuridade da força, o silêncio é relampejo e aos seus próprios olhos produz a maior das tempestades. Uma vez em fuga, o tom que lhe conduz à luz da liberdade é o mesmo que lhe faz refém da turva suspeição.
E, em si, por si, entre a brandura do céu e a rispidez da terra, tece o seu autêntico manto, capaz de sucumbir toda e qualquer palavra.