Nel mezzo del camin

Um dia, sim, um dia. Talvez à noite, quem sabe, mas o fato é que chego, sim. Tanta estrada não é à toa, tanta poeira revolvida não é sem propósito. Tanto sol na cabeça, cozinhando os miolos e aquecendo as expectativas, não terá sido em vão. Sem chapéu, sem camisa, sem protetor solar, a pele curtida revelará o caminho e as penas, e quando chegar, ah, quando chegar poderei enfim descansar.

Mas é sempre bom olhar para trás, ver como ficou longe o ponto de partida. A estrada que parecia interminável continua sem fim, mas já não é uma aventura totalmente desconhecida. Não sei quanto de caminho ainda resta, mas sei que muito já é passado. E nessa toada eu chego sim, nunca mais cedo ou mais tarde do que o imaginado, já que imaginar o destino não é minha competência. Meu destino é o chegar.

Mas pode ser que eu não chegue... Sim, existe essa possibilidade, como tantas possibilidades existiram sempre, e uma a uma foram seguidas ou descartadas, dependendo do momento e do clima. Porém, se não chegar, o caminho terá valido a pena. O caminho sempre vale a pena, com ou sem buracos, com ou sem chuvas, plano ou íngreme. O caminho é a única saída para a chegada.

E quando eu chegar, talvez não saiba. Talvez já esteja à beira, quem sabe? Talvez esteja na fronteira, entrando incógnita em meu destino incógnito... ou ainda estaria no meio do caminho? Não sei, sinceramente não sei, e por isso continuo seguindo. Mas sempre posso pedir uma informação: “Por favor, será que falta muito ainda ou já aprendi a viver?”

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Este texto faz parte do exercicio criativo "Um dia eu chego lá"

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