Sendo assim

É assustador. De repente, estou só. É assustador, quando não estava. É assustador, a indecisão.

Agora há um vazio, e não há como explicar, também. Só sei, que sempre há. Há a falta de algo, e é contraditório.

Há as lágrimas tristes, mas sempre há também o sorriso. É estranho esse vão que habita em mim. Que eu mesma escolhi pra ser assim. É estranho querê-lo. Eu o quis, mas não o quero. É o medo, de tê-lo sempre.

Eu posso viver sem me incomodar com ele. Mas não o faço. É difícil, é difícil demais.

Olha o medo, me visitando de novo. Olha ele, se aproximando, e cumprimentando. Eu não quero isso.

Olha lá, as folhas caindo. Era minha metáfora. Olha lá, está caindo, está ficando oca. Como na época que era assim.

Ah, faz tanto tempo! Eu já quase não me lembro como era sentir assim. Oh, não, está tudo voltando!

Veja o vento, ele está levando as folhas, as flores. Meus frutos.

O cinza volta a descolorir. E eu inspiro, pela cor.

É a solidão, que me deixa assim.

Olha lá, quantos trabalhos faço. Um dia fiquei ocupada sendo feliz.

Hoje me ocupo, sendo infeliz.

Olha lá, olhem meus quadros.

Olhem, os meus poemas.

Olhem, a minha arte.

Ela também olha pra mim. Ela, me acompanha, agora.

Carolina Hanke
Enviado por Carolina Hanke em 09/07/2010
Código do texto: T2367858
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