Do Teatro Elefante

Já na entrada as crianças são barradas, os adultos por sua vez são forçados a se dirigir para o camarim, ninguém entra pela porta principal, todos vão se apertando até chegar no palco. E sim, no placo, até que a cortina se abre e dá-se início ao espetáculo. O numero de Atores varia muito de peça para peça, nunca se sabe ao certo quantos serão, alguns teóricos e teatrólogos atuais estipularam uma formula para se determinar essa quantidade ,mas nem sempre funciona. O que se tem, é que quase sempre este número é diretamente proporcional ao número de poltronas do teatro onde será feita a apresentação, até porque a peça se tornaria extremamente maçante caso o numero de poltronas chegasse a ser muito superior ao dos que nela ficariam sentados.

Mas abrem-se as cortinas, e todos os espectadores se deparam com uma platéia cheia de personagens simples, como pessoas comuns, que os olham admirados , alguns até cochicham coisas inaudíveis ao pé do ouvido, outros comem amendoins, pipocas, e bebem algum refrigerante. Enquanto o público circula perdido pelo palco, alguns dos personagens que estavam sentados lá pelo fundo do teatro, provavelmente os mais novos,que por isso mesmo tinham uma mania um pouco cruel de se divertir com a humilhação alheia, começam a rir sarcasticamente da situação dos espectadores, um ou outro aponta para o mais patético deles e até deixa escapar umas duas gargalhadas, enquanto isso, uma senhora da primeira fila se levanta e vai em direção ao banheiro, e o casal da fileira de trás começa a se beijar, alguns outros coçam o nariz , o cabelo (de forma que o público suspeite da presença de piolhos na cabeça do mesmo) e até o olho, bocejam e tudo, e vão seguindo com isso até que se passem meia hora, quando enfim se fecham às cortinas e começam os aplausos, O espetáculo chega ao fim.

Chico Motta
Enviado por Chico Motta em 11/09/2006
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