Os frios do Inverno

Os frios desse inverno... de que outros invernos serão?

O inverno muda a paisagem, esse ano especialmente, tem se mostrado intrépido e, apesar das decorrências danosas do efeito estufa que lhe roubam a cena, ao meu olhar, majestoso e belo...

Vento Minuano sopra no Sul, ouço ao longe, longo assovio... ah como sopram fortes esses ventos frios.

Temperaturas abaixo de zero, sensações térmicas beirando quinze graus negativos.

A Natureza muda de roupagem...

Paisagens cinematográficas... cerrações, neblinas, geadas, neves, chuvas, ventos fortes.

Dias sombrios, Sol arredio...

Chaminés fumegando... Fogões, lareiras, braseiros e, há quem se permita aquecedores, split house, calefação para aquecer os lugares...

Restaurantes com pratos quentes, sopas, vinhos... cafés, chás, chocolates quentes, para aquecer as gentes...

Há tanto glamour no inverno... nas vitrines colorido especial, apelo indelével ao olhar feminino.

Nas ruas diminuem os transeuntes. Há os que andam certamente, e, quase se confundem bonecos de neve e gente apressada... corpos tensos... roupas pesadas e, olhares vazios...

E o frio insiste em se espalhar. Ah e são tantos frios...

Tantos frios me trazem os ventos, frios exagerados a congelar pensamentos, sentimentos a congelar.

Faz frio no coração da gente... Há inverno nos corações humanos.

Ar gélido... insensível frio...

E onde falta afeto, sobeja frio.

Onde gestos de amor não emanam, habitam frios.

E esse frio machuca a pele... sangra, provoca arrepios...

A alma machuca, a desigualdade insulta.

Pois há quem sequer, sabe reclamar desse frio...

Ah mas eu, eu sinto frio... sinto tanto frio...

Sinto frio na criança faminta... na senhora distinta que passa e não olha, e se olha não vê pra que alma não sinta.

Eu sinto frio... sinto esse frio machucar a pele gelada da esfarrapada menina e os pés descalços do menino atrevido.

Ah sinto frio, sinto tanto frio... nas mãos enrijecidas do trabalhador

a varrer a calçada, a empurrar a carroça e a empunhar a enxada...

Ah sinto frio... sinto tanto frio, no olhar do jovem apressado e não importa... Não importa se a vida emudece, é inverno e o amor não aquece, porque o jovem não pode parar... Não, não pode. A vida o convoca e, não pode esperá-lo aquecer os seus frios...

Enfim, é do inverno o frio... mas há tantos frios que transcendem a estação...

Ah pobre coração humano tão frio, que teus invernos sejam passageiros como passageiro será esse frio...

Assim, haveremos de acalentar teus temores, teus desamores e aquecer os teus frios, para que te tornes um coração humanamente solidário, amoroso e gentil...

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 06/08/2010
Reeditado em 09/08/2010
Código do texto: T2422926
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