Socrateando apenas socrateando

Falamos sobre a experiência da morte hoje, meu amigo e eu.

A consciência da morte nos traz para o instante, nos faz valorizar o momento sem lamento e sem pressa ao mesmo tempo.

A consciência precisa da morte vence o tempo.

A consciência da finitude nos força a assumir as rédeas, mas não o controle de nossas vidas, porque não existe controle, mas desperta a nossa a liderança. É esta atitude liderança que nos torna sujeito de nossas vidas. Agir, agir e não apenas reagir diante dos fatos.

Estou aqui porque decido estar aqui. Estou com você porque decido a cada momento estar com você. Eu te amo, porque quero querer te amar.

Conversamos também sobre os funerais. Meu amigo acha que o morto, uma vez morto não deveria mais ser visto, ser tocado, afinal disse ele o morto não tem como se defender. O morto não pertence mais a familia do morto.

É mas é inegável o fato de que não sabemos lidar com a passagem. As vezes perguntamos à alguem: como vai seu pai , teu irmão ou amigo e este alguém nos responde-ele morreu. A! Fulano morreu. Morreu? Do que?

Como se a cauza fosse um fato relevante a posteriori.

Disse meu amigo: Não estamos sózinhos nessa não, há muitos nesta trilha, lembra dos versos da Cecilia meireles,

" Quantas vezes precisamos passar para aprendermos a passar "

E aquele do Fernando Pessoa,

" Passa pássaro e me ensina a passar "

De repente surgiu no céu

enchendo o espaço,

a lua cheia

dourada e bela.

Meu amigo fechou as portas do bar e fomos para casa.

Ventos da primavera.