Mariposas

Mariposas

Na adolescência urbana uma fulana qualquer nessa turba em efervescência que chamamos de tempos modernos, num termo completamente retrógado, ela complementa a sua existência com a convivência de seus semelhantes. E a cada instante mais dessas fulanas emanam das máquinas, de seus computadores pessoais e aparelhos paralelos.

Estar vivo é um anelo para a vida dissolvida desta geração. Comedora dos detritos d’outras eras e d’outras demandas... A sua existência tem o mesmo propósito irrisório de uma iluminura, fulgurar apenas, como um complemento, bonita e só, porem, sozinha caminha sem contento para um registro de arqueológico. Aérea e etérea como o nada que complementa a rotina esquecida.

Meninas de petróleo, presas em seus tempos, o óleo que emana de seus corpos tem o sabor da Ferrugem. Tão longe e tão divergente de suas mães, como um filhote convertido em chupim. Suas frontes são diferentes nas dimensões, como uma transviada rota da evolução. São meninas crescidas sob o asfalto, no alto de prédios imensuráveis que as tornam fora da realidade como as infantas débeis presas em seus castelos. Estar vivo é um anelo para esta geração represada.

São fadas que como as mariposas esposam as luzes dos postes, definhando na infecunda sina de sua ilusão. Criando um tapete de estrelas apagadas, respingando a maquilagem de suas asas, numa singela hecatombe. Meninas de asfalto que do alto fulguram um brilho escuro de vinil. Mas elas vivem num anelo de viver, sem diretrizes e mitos para guiá-las dentre todas estas marés de loucura. Mas na adolescência uma fulana qualquer nessa história merencória que chamamos de tempos modernos, ela complementa a sua existência com a absorvência de seus semelhantes. E a cada instante mais dessas fulanas emanam das máquinas... Na trágica e hemorrágica vida de um ciclo vicioso...

Marcel Angelo

(http://geleiras.blogspot.com)