Sanidade fragmentada

Não, não me cobre! não posso!

Não posso, pois estou mais do que lúcido:

Estou cegamente ciente do que me cerca.

Por isso não posso, não me cobre!

Espere até que chegue o dia,

No qual a insanidade me cercará.

E então quem sabe transformar-me-ei:

Serei então o tal objeto,

Comum e normal de que sempre fizeste questão.

Sem questionar, sem refletir: uma verdade forjada!

E quando esse dia chegar olharemos um para outro.

Enxergaremos então além de nossas armaduras...

Além de nossos arsenais...

Mas só quando o dia chegar, hoje não!

Hoje estou tão lúcido,

Que nada mais enxergo.

Portanto, não me cobre!

Deixe-me usufruir de minha sabedoria.

Talvez assim me torne apto a encontrar o meu caminho:

Meu caminho de volta para a insanidade.

Ah como era bom!

Existir e viver ao mesmo tempo,

Sem a necessidade de entender.

Agora não posso mais, me desculpe.

Me desculpe e não me cobre mais.

Pedro Alencar
Enviado por Pedro Alencar em 26/09/2010
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