Lembranças de outono

De minha varanda sinto o cheiro dos cajus e vejo o sol brincar por entre a folhagem amarelada. É outono. Todo o chão do quintal pinta-se das flores secas e o vento passa sacudindo-se do calor da tarde.

Também já me vi assim; Soltava meus cabelos para te fazer respirar de meu cheiro faceiro e sensual.

As flores misturavam seus tons mesclados de vermelhos aos de meus lábios e eu sorria como se secretamente soubesse que tu me amavas. E elas ficavam a balançar as pétalas competindo com esse meu caminhar caboclo. Há dias que fico debaixo do cajueiro, distraída, com a lembrança de nossos olhares e depois, olho a beleza da tarde. Tu me foste muito especial.

E recordo que meus pensamentos de mulher inventavam mil modos de chamar tua atenção. Eu punha margaridas nos cabelos ou fazia-lhes cachos que se desmanchavam em tuas mãos. O céu azul abria-se em nuvens de algodão para ouvir meus gemidos nas horas desses afagos.

Ah, os pássaros soltavam a garganta e tudo era música de amor!

E quando a lua aparecia como bola branca adivinhando beijos amantes, tu me fazia versos. Ainda lembro-me de um singelo poeminha de amor que mo fizeste. Fiquei suspensa no ar e me vi bailando tal estas folhas que estão prendendo de mistérios meus olhos.

Agora, meus olhos têm apenas essas lembranças para correr no vento de outono.

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 04/10/2010
Reeditado em 05/10/2010
Código do texto: T2537516
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