SIMÃO SIMUM



Simão simum
Bebum, bodum
Andava no monturo
Para ele lugar seguro
Melhor não existia...
Ele que já vivera no social
Agora vivia como animal
Beirando o abismo da lucidez
No desvario da embriaguez
Sem voz, sem vez, sem jazz.

O louco Simão Simum sumia
Depois das seis mês após mês
Ninguém sabia do seu paradeiro
Simão se escafedia por inteiro
Diziam que ele era encantado
Que virava símio, corvo ou espantalho
E se embrenhava dentro do mato
Querendo fugir de tudo
De si mesmo e do mundo.
 
Simão achava que não tinha
Mais coração, pátria, irmão
E assim sofria feito cão...
O pobre e perdido Simão
Era levado pelo vento mato adentro
Lá subia em árvores, dormia ao relento
Em meio aos seus andrajos existenciais
Sem dignidade, sem sapato, sem aparato
Vivendo na companhia de gatos
Entre arranhões e miados
Como espúria da humanidade
Simulacro crônico de si
Sem esperança e sem fraternidade
Esse era Simão Simum
Simão que andava léguas a pé
Sem referência, sem chão, sem fé
Um Simão qualquer
Sem filhos, sem mulher, sem direitos
Desobrigado das obrigações

Aos efeitos da inconstância da maré
Na contramão e em marcha ré
Simão era silva,
Simão era simum
Simão era simplório
Simão era solitário
Simão era simiesco
Simão era simbiose
Simão era overdose
E quando perguntavam seu nome

Ele mostrava o sorriso amarelado
Exibindo os dentes cariados
Os olhos marejados
O rosto calejado
O corpo baqueado
Em meio ao semblante aleijado
Ele dizia: Simão de Nada Não.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 19/10/2010
Reeditado em 07/08/2011
Código do texto: T2566635
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