MINHA CASA. MEU MUNDO QUE FICOU PARA TRAZ

Minha casa.

Meu mundo que ficou para traz.

Sinto saudades de tudo.

Com o tempo vamos acumulando tantas coisas que tornam-se testemunhas de momentos de alegrias, de apreensão, de ternura, de um passado que não volta mais.

Sinto saudades de meus vasos com folhagens enfeitando a varanda.

Do meu cantinho Zen com minhas cascatinhas.

Meus sofás de vime, meus quadros, minhas almofadas

indianas, minha felicidade plantada em um bonito vaso. Dos quadros nas paredes.

Fotos, uma caneca recebida de presente, livros, CD’s, aquelas lindas colcha e tolha de mesa que comprei em uma das viagens ao nordeste.

A cortina bordada de ouro trazida de Alexandria no Egito, meu casal de deuses indianos, meus vasos e fruteiras chineses adquiridos na Feira das Nações.

Meus vasos de cristal adquiridos na feira do Egito, meu lindo vaso das flores de maio, o quadro pintado pelo amigo Santiago já falecido, meus mestres cucas de resina, presentes de Bárbara, adornando a cozinha.

Os santos de minha devoção, um vaso com a pintura de Nossa Senhora que ganhei em um bingo organizado em prol da Igreja Ortodoxa do nosso querido amigo Padre Francisco. A linda e diferente Última Ceia pendurada na parede sobre a cabeceira da mesa da sala de jantar, meus lindos castiçais e vasos de cristal adornando a mesa de jantar, um lindo jogo de café branco com bordas douradas presente de D. Marieta minha falecida sogra. Um lindo jogo de licor chinês.

Sinto saudades do meu lindo abajur com um lindo anjo.

Da minha coleção de anjos.

Dos meus bibelôs de cristal enfeitando a mesa de centro da sala de estar. Meus porta-retratos, exibindo os semblantes queridos e saudosos de parentes e amigos.

Minhas velas decorativas que davam brilham e charme aos meus saraus.

Móveis adquiridos com tanto gosto e prazer! Contando tantas partes de minha vida. Tantos outros objetos adquiridos ou lembranças oferecidas por amigos e parentes.

Sem contar meus objetos pessoais dos quais sinto, às vezes tanta falta.

Cada coisa, cada objeto por mais simples e/ou mais elegante, tem uma história, retrata um tempo de vida. Vida agora, sem passado, sem as doces lembranças...

Não posso retornar em prol de minha saúde, da minha vida e, também, não posso trazer nada, pois o apartamento que aluguei não comporta e hoje foi vendido aqui no Boqueirão o apartamento que mais gostei. Fernando não quis comprá-lo, na verdade, creio que não deseja comprar apartamento nenhum e eu não contava e nem conto com recursos para tanto. Preciso sempre ter uma economia para atender necessidades de minha doença que muitas vezes chega sem avisar.

Mas como disse outro dia:

Aprendi que A vida não é justa, mas ainda é boa e Envelhecer ganha da alternativa - morrer jovem.

Ana Aparecida Ottoni

P. Grande, 23/10/2010

Ana Aparecida Ottoni
Enviado por Ana Aparecida Ottoni em 24/10/2010
Reeditado em 06/11/2010
Código do texto: T2574825
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