POETA AO INVERSO

Os pés dos meus versos são mancos
Mas, livres e românticos
Não aceitam explicações teóricas
Nem metrificação latina
Jamais! Nisso sou categórica!
Mas, meu caderninho com pauta
Aceita meus riscos
Acolhe meus rabiscos,
Recebe minhas histórias!
Juro, desde criança
Tentei aprender isso;
Contudo, sei da deficiente eficiência
E a ineficiente consistência
Do meu poetar...
Sou apenas poeta sem verso
De rimas pobres, poeta ao inverso
E, teimosa, vou traçando
Minha torta trajetória...
Meus versos sofrem, coitados
De crônica falta de métrica
De aguda arritmia poética;
Minhas sílabas gramaticais
São um leve fluir de vogais...
Gosto mesmo é de rima emparelhada
Dessas, que crio na madrugada!
Mas, não é preceito, vejam bem:
Pois não tenho preconceito
E se fossem versos brancos
Ou se fossem versos negros
Claro, os amaria também!