LETARGIA

Ofegante, com vontade de gritar, ela olhava pela fresta da janela. Gritar sua dor, desespero e solidão. Não sabia qual caminho seguir e com quem poderia contar. Na verdade, estava só.

Só, diante de seus conflitos que insistiam em enlouquecer seus pensamentos com medos (muitos infundados), mas ela estava cega, tomada por uma sensação de impotência que a consumia.

Seu olhar fixado em um ponto qualquer do quarto deixava escapar lágrimas por sua face sem vida, sem brilho. Ela não conseguia sair do quarto havia dias, não tinha vontade de comer, não conseguia dormir e seu corpo era invadido por um cansaço imensurável.

Tudo parecia noite, nebuloso, sem perspectiva, sem direção. Ela deixou-se cair, escorregando seu corpo frágil e magro pela gélida parede do seu quarto. Ficou ali sentada, olhando para o nada e enxergando apenas o gosto amargo de seus medos, de sua dor.

Há anos silenciava suas frustrações, estava cansada de sorrir, quando só queria chorar. Ninguém notou; ninguém sentiu sua falta.

Foi-se...


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Marcela Re Ribeiro
Enviado por Marcela Re Ribeiro em 12/11/2010
Reeditado em 03/03/2020
Código do texto: T2611276
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