LÁGRIMAS E TINTA

Falar o que eu sinto,

olhar nos olhos de quem me ouvirá,

respirar fundo para abrir meu coração,

lábios e mente,

e então explicar razões sobre questões

que nem mesmo ao certo entendo.

Há um emaranhado de sentimentos,

que antes jaziam ou estavam adormecidos,

que agora ameaçam explodir.

Sinto falta de ar, ou será do brio?

Da esperança, dos meus sonhos bobos de criança,

da felicidade que vejo mas não sinto,

que contemplo, mas não vivo.

Sem a voz pra gritar, o que me resta?

Senão as palavra escritas,

digitalizadas ou manuscritas.

Qualquer forma que impeça,

que eu parada à frente do meu algoz,

olhe e o identifique também como vítima de alguém.

Será que lendo, perceberá o que sinto?

Notará o papel manchado da mistura de tintas e lágrimas?

Vê agora meu DNA, isto basta?

Pensarás que os genes serão cúmplices e estarão como eu mentindo?

Faça o teste, quer amostras?

Conteste sobre o que escrevo,

Devo ter copiado o texto de um poeta qualquer,

que se sentia exatamente como eu.

Pra você não somos todos iguais?