Duas taças e um coração solitário!
Desce majestosa toalha de renda
Sobre uma mesa estirada na varanda,
Aguardando...
O tão esperado encontro.
No ponto mais alto do morro, o entardecer desce
Como todas as noites, mas esta é especial...
A lua no céu ilumina toda a varanda
E os pensamentos vão para bem longe daqui...
Despertados pelos fogos de artifícios...
Sobre a mesa petiscos do mar, frutas frescas,
Queijos de todos os tipos; mesa brasileira.
Uma garrafa de vinho, dois descansos, dois guardanapos
Duas taças aguardam o momento certo de alguém dizer:
“Tim-Tim, adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo...”
O vinho se abre, uma taça é enchida...
As duas?... Não!
Uma permanece quieta...
A outra, um solitário degusta
O prazer de seu vinho.
A outra, vazia e imóvel permanece.
Em vão joga uma pergunta no ar: “e eu?”
Silenciosamente observa a doce ilusão
Desse solitário homem feliz que é.
Será que é... feliz?
Adormecido pelo leve teor do vinho,
Sem a esperada companhia...
O solitário descansa o sono sagrado,
Enquanto que as delicadas taças iniciam um diálogo mudo,
Compadecendo-se desse infortúnio encontro.
Elas permanecem horas a fio sobre a mesa, até o amanhecer,
Juntas vão a pia, ao armário
E lá ficam lado a lado.
Desejando que na próxima oportunidade
Possam brindar um possível encontro a dois.
E o solitário homem feliz?
Feliz não se sabe,
mas ainda adormece solitariamente.