Duas taças e um coração solitário!

Desce majestosa toalha de renda

Sobre uma mesa estirada na varanda,

Aguardando...

O tão esperado encontro.

No ponto mais alto do morro, o entardecer desce

Como todas as noites, mas esta é especial...

A lua no céu ilumina toda a varanda

E os pensamentos vão para bem longe daqui...

Despertados pelos fogos de artifícios...

Sobre a mesa petiscos do mar, frutas frescas,

Queijos de todos os tipos; mesa brasileira.

Uma garrafa de vinho, dois descansos, dois guardanapos

Duas taças aguardam o momento certo de alguém dizer:

“Tim-Tim, adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo...”

O vinho se abre, uma taça é enchida...

As duas?... Não!

Uma permanece quieta...

A outra, um solitário degusta

O prazer de seu vinho.

A outra, vazia e imóvel permanece.

Em vão joga uma pergunta no ar: “e eu?”

Silenciosamente observa a doce ilusão

Desse solitário homem feliz que é.

Será que é... feliz?

Adormecido pelo leve teor do vinho,

Sem a esperada companhia...

O solitário descansa o sono sagrado,

Enquanto que as delicadas taças iniciam um diálogo mudo,

Compadecendo-se desse infortúnio encontro.

Elas permanecem horas a fio sobre a mesa, até o amanhecer,

Juntas vão a pia, ao armário

E lá ficam lado a lado.

Desejando que na próxima oportunidade

Possam brindar um possível encontro a dois.

E o solitário homem feliz?

Feliz não se sabe,

mas ainda adormece solitariamente.

SÔNIA SYLVA
Enviado por SÔNIA SYLVA em 31/12/2010
Reeditado em 14/01/2011
Código do texto: T2701805