SAUDADE E ESPERANÇA

Era uma vez duas irmãs
Nascidas da mesma sorte.
Uma chamava Esperança,
A outra chamava Saudade.
Saudade era tristonha,
Nostálgica e solitária.
Esperança era risonha,
Paciente e confiante.
 
Saudade casou-se com o Passado,
Esperança enamorou-se do Futuro.
Mas o Passado morava distante,
Era muito austero e inexorável,
Sempre partia, deixando Saudade.
Saudade, então, tornou-se amarga,
Inconveniente e egoísta,
Intolerante e persistente.
Maltratava a Esperança,
Zombava do pobre Futuro,
Trazendo sempre o Passado de volta.
 
O Presente, porém, senhor das decisões,
Era um pai justo e exemplar,
Na sua autoridade temporal,
Mandou embora o Passado
E o futuro, esperar sua vez.
As irmãs puderam, assim, conviver em harmonia:
Saudade sempre chorando o Passado,
Enquanto Esperança sorria para o Futuro.
 
Mas um grande Mago, que por ali passava
Penalizou-se das duas irmãs.
Transformou o passado em jardim
E a Saudade em belas flores
Roxas que nem a paixão,
Complexas que nem o amor.
A Esperança, por sua vez,
Foi transformada em simpáticos insetos
Verdes que nem as folhas,
De longas asas e possantes pernas
Para voar sempre rumo ao Futuro
E pousar em todos os corações.
Por isso até hoje, quando a Saudade aflora
Há sempre uma Esperança camuflada
Em sua verde folhagem.