QUEM FICA...QUEM PARTE...

Meia noite, estação quase deserta.

Silencio quebrado pelo barulho

Que anuncia a chegada do trem

Alguns casais ao longo da plataforma

Já trocam os abraços finais e lágrimas...

Uns vão, outros ficam.

Vejo outros eufóricos com a chegada do trem,

Para quem parte, o último toque dos dedos,

E uma saudade grande no peito.

Para quem chega, os braços correm em direção ao abraço,

Louco e apaixonado, dizendo: “que saudade, meu Deus”.

E o gesto se perde na solidão silenciosa dos dois corações.

O maquinista anuncia a partida...

Olho ao redor, com a passagem nas mãos, é hora de ir.

Não há alguém para o último abraço, nem para um adeus e lágrimas...

Há algo de errado sim, a sinto a presença da solidão.

Ninguém para eu dizer: “te amo, quero ficar, vem comigo!”

Ninguém para dizer a mim: “não vá, preciso de você, fique comigo!”

Estações são assim:

Cheias de expectativas, planos, perguntas, decisões,

De medos, perdas e de solidão.

Quem aceita a solidão como companheira

Está negando a felicidade a si mesmo e ao outro,

Pois no seu refúgio interior, deseja ser feliz também.

Quem pretere o direito a solidão,

Que a tenha!

Eu preservo o meu direito a felicidade.

Solidão mesmo, só nas metáforas poéticas.

Em noites de lua cheia, ou quando a distância for longa

E o desejo de estar perto for maior que ela.

Por isso estou partindo, malas arrumadas, vou sair por aí.

Porque quem sabe se na próxima estação, ou em algum lugar,

Alguém também não esteja em busca... da tal felicidade.

*Para o texto: AMÁ-LA A MALA (AEROPORTO SOLIDÃO) T2725737

*De: Moisés Cklein 12/01/2011

SÔNIA SYLVA
Enviado por SÔNIA SYLVA em 13/01/2011
Reeditado em 13/01/2011
Código do texto: T2727251