As Crônicas do Infortúnio - a Morte, o Amor e a Loteria

Todos os seres vivos participam de uma loteria. As chances de “ganhar” são maiores para os mais experientes, no entanto novos participantes também estão na disputa.

Os “prêmios” são distribuídos ao acaso todos os dias e em todos os lugares do mundo.

Não há limite fixo para o número de “ganhadores”. A “premiação” é vasta e varia desde simples prejuízos materiais, passando por todo o tipo de doenças e chegando até o “grande prêmio”, a morte.

A morte é, incontroversamente, o fim de um percurso, haja vista que independentemente de crenças religiosas, os seres sem vida não mais ocupam o seu espaço na terra, deixando de participar ativa e fisicamente da vida terrena.

Destarte, conclui-se, portanto, que a morte é um infortúnio certo àqueles que amam e sob este prisma o amor é notadamente uma vítima da morte.

Logo, com o advento da morte não sentimos mais amor, mas sim uma lembrança melancólica, melhor definida como saudade.

É cediço que a saudade e o amor estão intimamente ligados, no entanto são claramente sentimentos distintos.

Assim sendo, a morte, inescrupulosa, afugenta o amor e extingue a vida terrena do ser sorteado com o “prêmio máximo” na loteria da desgraça, fazendo com que os seus, ansiosos pelo incerto, indaguem ao ser onipresente ou ao vento se a morte é um termo final, um intervalo ou apenas um recomeço.